quarta-feira, 5 de junho de 2013

LEITURA DE ESTRELAS

Tive muitas experiências que contribuíram para minha formação pessoal e profissional. No baú de minhas lembranças cá uma que acho interessante. Quando criança, sempre via minha irmã estudando, no final de suas leituras ela fazia uma cara que denotava algo de curioso, fazia longas pausas como um detetive, investigando alguns indícios e pistas até chegar à solução de um crime ou mistério, (mistério esse que rodeava minha mente), ela estava numa fase de descobrir o universo com seus iniciais estudos sobre a vida em outras esferas senão a nossa, sobre a ufologia, mal sabia que minha mente navegava em tal dimensão, que quando vi estas palavras escritas pela primeira vez (sorrateira peguei um livro que deixara sobre a cabeceira pra dar uma olhada no que tanto roubava sua atenção): “ufologia” e vida “intergaláctica”. - Mas que diabos eram aquelas palavras aos olhos de uma menina de 10 anos? Decidi ir ao dicionário, uma coleção enorme que ficava situada na parte superior da estante, mas não entendi todo o conceito daquelas palavras. Então, me ofereci para acompanhar minha irmã num passeio que geralmente realizava em alguns aos sábados pela manhã. E, lá fomos nós a biblioteca Municipal da Lapa: “Francisco Patti” (que agora fiquei sabendo que alterou o seu nome para Mario Schenberg, alguma formalidade da prefeitura que não entraremos no mérito). Foi a primeira vez que vi uma biblioteca, com tanto corredores todos cheios de livros e um fichários que minha irmã inspecionava (certa do que procurava). Eu, um tanto iniciante, ficava andando em todos os corredores buscando nos títulos algo que me remetesse a “tais palavras”, procurei, procurei e nada de achar aquelas palavras “como numa biblioteca daquelas não teria nada intergaláctico?” Parei numa estante, olhava para alguns livros, sem nem saber do que se tratava, só folheava com cara de interessadíssima, quando uma moça veio em minha direção e com a voz baixíssima e perguntou-me se procurava algo, se encontrará que vim buscar... Respirei fundo (para disfarçar a timidez que me subia à face) e com a voz igualmente perguntei: “ufologia”... “intergaláctico”... Extraterrestre... A senhora sabe onde fica esse corredor?
A moça me olhou com ar sereno e plenamente inteirado ao “nosso” assunto, levou-me até um corredor e percorreu sutilmente com a ponta dos dedos os livros da estante e deu-me um: “Xisto e o Pássaro Cósmico”, lançou outra pergunta:
- Tem carteirinha?
- Minha irmã vem sempre aqui, ela tem. Respondi de prontidão. Agradeci e sai em busca da minha irmã que estava meio impaciente (diga-se de passagem). Pedi que levasse esse livro pra mim, fiz uma cara de “dó”, que ela não resistiu. Saímos cada qual com o seu tesouro nas mãos. Eu devorei o livro e algumas palavras que não entendia recorria a minha irmã (que traduzia o dicionário) que ia além, explicando-me sobre a vida em outras dimensões, que havia histórias de pessoas que até já se comunicaram ou que viram mesmo essas criaturas que habitavam as estrelas. Isso aumentava meu entusiasmo pelas próximas leituras. Não me tornei, vamos dizer propriamente uma fã de ets, mas essas historias permeavam minha mente e minha imaginação ia longe nas brincadeiras expedicionárias pelo quintal, nas noites de verão em São José do Rio Preto, onde o céu é mais estrelado, redações escolares de temas livres: lá vinha...Mais tarde,  quando a veia poética saltava: "Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!..." – de Bilac ou na voz de Belchior “ na  canção: divina comédia humana” ...que nos remete a Dante...E se permite, por assim dizer, por adiante a  outros tantos....
Esse foi um dos meus primeiros contatos com o mundo fantástico da leitura e escrita. Deixo aqui um trechinho da Via Láctea de Olavo Bilac:
“...E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e entender estrelas."
E o Link da música Divina Comédia Humana – Bechior de fundo:
Abraços a todos!         
Márcia Andréia

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