domingo, 16 de junho de 2013

UM SEGUNDA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA COM O CONTO " A PAUSA"

Objetivos:


  • ž  estimular o gosto pela leitura;
  • ž  desenvolver a competência leitora, escritora e discursiva
  • ž  desenvolver a sensibilidade estética, a imaginação, a criatividade e o senso crítico;
  • ž  estabelecer relações entre o lido/vivido ou conhecido (conhecimento de mundo) e seus aspectos linguísticos
  • ž  inferir  e identificar informações explícitas e implícitas
  • ž  exercitar os conhecimentos dos elementos da narrativa;
  • compreender as particularidades da narrativa 

Conteúdos:


  • elementos da narrativa; 
  • análise literária;
  • gênero Conto;
  • vocabulário;
  • marcadores de tempo e lugar
  • paragrafação
  • pontuação

Tempo Estimado:


de 6 a 10 aulas

Ano: 

sexto ano

Material Necessário:



  • Conto Pausa  (cópias para cada aluno)
  • Dicionário
  • Caderno,lápis, borracha, caneta...
  • Internet
  • Datashow

Desenvolvimento:



  • Sondagem- oral

  • Apresentação do vídeo A Grande Família. 

Disponível em http://www.youtube.com/watch?
  •  Roda de conversa:
  •   Exploração do seriado...
  •   Biografia do autor Moacyr Scliar



Questionar o que eles esperam sobre um texto com o título “Pausa”.

Pedir que pesquisem a definição da palavra “Pausa” no dicionário.

Quais as situações que eles podem “pausar”.
  •   Fazer a leitura compartilhada do texto Pausa de Moacyr Scliar.
O que foi levantado anterior à leitura foi correspondido?

O que eles entenderam do texto?

Discutir sobre quem conta a história? Diferenças entre autor e narrador.

Onde aconteceu? Quanto tempo durou?

Quem são os personagens? Tema?

  Apresentação do vídeo: PausaFá512. 

Quais as semelhanças entre o texto e o vídeo?
Quais as semelhanças do texto e do vídeo com a nossa realidade?

ž  EM DUPLAS:

Refletirem e montarem uma tabela/ficha:
  1. Qual o tema do conto?
  2. Por que o autor usou o título “Pausa”?
  3. Qual o tipo de narrador? Ele participa da história?
  4. Quais são os personagens?
  5. Quais as características físicas e psicológica dos personagens principais?
  6. Localize os marcadores de tempo e espaço?
  7. Procurar as palavras que não conhecem no dicionário.
  8. Qual o momento de maior tensão no texto? E Qual foi o seu desfecho?

Produção escrita individual:

Fazer a reescrita da história, propondo um novo final. O personagem foi para casa e o que aconteceu?

Provocações:

Música:Cotidiano do Chico Buarque. Disponível em 
http://www.youtube.com/watch?v=FB4IaqWITB8

Pense na sua rotina, no seu cotidiano, você gostaria de dar uma pausa? Em quê? (ESCREVA UM COMENTÁRIO PARA SER POSTADO, NUM MURAL, NUM BLOG, NO FACEBOOK)

 Avaliação:

  • Continua e Progressiva

 Referencias Bibliográficas:

ž  ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. In: Curso EaD/EFAP: Leitura e escrita em contexto digital – Programa Práticas de leitura e escrita na contemporaneidade – 2012.
ž  SCLIAR, Moacyr. Pausa. In: BOSI. Alfredo (org.) Conto Brasileiro Contemporâneo. São Paulo: Cultrix, s/d. p.275-277.21.
ž  DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard et al. Gêneros e progressão em expressão oral e escrita – elementos para reflexões sobre uma experiência suíça (Francófona). In: Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado das Letras, 2012. p. 35-60.








Pausa em uma sequência didática

Esta sequência didática foi elaborada no curso presencial Melhor Gestão Melhor Ensino, pelos professores da Diretoria de Ensino Leste 1, com o objetivo de estimular o gosto pela leitura e a identificação dos elementos que compõem a narrativa.
 Esperamos comentários e sugestões de novas ideias para a melhoria da aplicação da Sequência Didática.

OBJETIVOS
- Estimular o gosto pela leitura
- Desenvolver a competência leitor e escritora
- Inferir e identificar informações explícitas e implícitas dentro do texto
- Identificar os elementos da narrativa
- Reconhecer a intertextualidade

TURMA 8º ANO / 7As séries

TEMPO ESTIMADO: 4 A 6 AULAS

ANTES DA LEITURA
SONDAGEM: conhecimento prévio em roda de conversa
- O que é para vocês uma “PAUSA”?
- Pesquise o significado de “PAUSA”?
- Quais as situações em que vocês podem “PAUSAR”?
- O que vocês acham que encontrarão em um texto com o título de “PAUSA” ?

LEITURA COMPARTILHADA
O  professor lerá, com os alunos, o texto “PAUSA” – Moacyr Scliar, com entonação adequada e fazendo inferências, bem como durante a leitura questionamentos, para que o aluno consiga opinar com criticidade a cerca do assunto em questão “PAUSA”.

PAUSA - MOACYR SCLIAR

           Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente  e sem ruído. Estava na  cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
           -- Vais sair de novo, Samuel?
          Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
          — Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher com azedume na voz.
          — Temos muito trabalho no escritório — disse o marido, secamente
         Ela olhou os sanduíches:
         — Por que não vens almoçar?
        — Já te disse; muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
       A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga. Samuel pegou o chapéu:
        — Volto de noite.
       As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente; ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas. Estacionou o carro numa travessa quieta. Como pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo.
       Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente.                 Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
      - Ah! seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
      - Estou com pressa, seu Raul - atalhou Samuel.
      - Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. - Estendeu a chave.
      Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
      - Aqui, meu bem! - uma gritou, e riu; um cacarejo curto.
      Ofegante Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d'água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
      Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata.
      Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos.
       Dormir.
       Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
        Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
        Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa. Perseguido por um índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados; índio acabara de trespassá-lo com a lança Esvaindo-se em sangue, molhado de suor. Samuel tombou lentamente ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.
        Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama ,correu para a bacia, lavou-se.        Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
       - Já vai, seu Isidoro?
       - Já - disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
       - Até domingo que vem seu Isidoro - disse o gerente.
       - Não sei se virei - respondeu Samuel, olhando pela porta; anoite caía.
       - O senhor diz isto, mas volta sempre - observou o homem rindo.
       Samuel saiu.
       Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa


APÓS LEITURA
- Quais o personagens da narrativa?
- Quais os espaços em que ocorrem a narrativa?
- Quanto tempo durou a história?
- Há marcas de tempo no texto, quais?
- O predomínio no texto é de tempo psicológico ou cronológico?
- Quem conta a história? Ele participa ou não dela?

- Qual a ordem em que acontecem as seguintes ações?
(     ) Samuel subiu quatro lances de escada.
(     ) O despertador tocou às 7horas.
(     ) A mulher coçava a axila.
(      ) Estacionou o carro numa travessa quieta.
(       ) Um raio de sol entrou pela cortina.

- Descreva como você imagina que seja cada personagem.

INTERTEXTUALIDADE

Após a leitura e responder essas atividades, o professor levará os alunos à sala de vídeo para assistirem ao filme “CLICK”.

APÓS O FILME (discussão oral)

- Quais os personagens, espaços e tempo do filme?
- O que o filme tem de parecido com o texto “PAUSA” ?
- Vocês gostariam de poder ter um controle remoto para parar a vida a qualquer momento? Justifique sua resposta.

PRODUTO FINAL


- Reescreva o texto PAUSA em 1ª pessoa, sobre o seu dia a dia (em qual momento de sua vida, que você pausaria?)

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O Primeiro Beijo em uma Sequência Didática




    Esta proposta de atividade foi desenvolvida  para o  Curso Melhor Gestão Melhor Ensino. É uma versão já  revista  e esperamos que novas  ideias sejam acrescentadas.O Objetivo da leitura é trabalhar a competência leitora , bem como identificar os elementos de uma crônica.

 Turma : 7º ano

 Tempo: 04 aulas aproximadamente

Sensibilização para o início da sequência:


    Apresentar à turma uma imagem de O Beijo, de Klimt e uma foto de um beijo infantil.



                                                           O Beijo. KLIMT


                                                                   O Beijo

  Contextualização: A intenção é explorar oralmente, todos os detalhes possíveis :

  • Os beijos vistos nas imagens são semelhantes? São diferentes? Por quê?
  • Imagine onde e como os beijos tiveram início.
  • Crie um outro título para as imagens, depois justifique sua resposta.
  • Você conhece personagens de filmes e livros que revelaram ou viveram o primeiro beijo?
  • Quais os tipos de beijo que existem?
  • Você já beijou assim? Como foi?
  • Como vocês acham que foi o meu primeiro beijo?


  Contextualização: após a atividade oral ( leitura dos textos visuais), o professor deve apresentar aos alunos o texto que será lido. E começar perguntando:

  • Vocês conhecem outros textos com esse nome?
  • Já leram algum outro texto deste autor?

Atividades:

    Aqui o professor pode apresentar o livro de onde o texto foi retirado ( ou uma imagem do livro, ou título).Ele fará uma leitura em voz alta, enfatizando a pontuação e a entonação. Pede que eles fiquem atentos para perceberem como é que ocorre o beijo entre os personagens. Ainda oralmente, pede aos alunos que comparem o beijo do texto com os beijos das imagens apresentadas.

   Os alunos já trabalharam com crônicas anteriormente, e no momento seguinte, as questões que se seguem devem voltar-se tanto para a compreensão dos fatos narrados como para a estrutura do gênero em questão, possibilitando aos alunos reconhecerem o que caracteriza o texto como sendo uma crônica e que elementos o direcionam para sua compreensão.


  • A história é narrada na 1ª ou 3ª pessoa? Como você concluiu isto?
  • Identifique o discurso direto retirando do texto um exemplo.Explique a razão de sua escolha.
  • Quais são os apelidos recebidos pelo personagem masculino? Por que ele recebe estes apelidos?
  • Que idade você acha que tinham os personagens quando deram o seu primeiro beijo? Como você chegou a esta conclusão?
  • Em :" as contas de telefone aumentaram, depois diminuiram... e foi ficando nisso.Explique o que o autor quis dizer neste trecho.
  • Como você acha que a história termina? Como terminam hoje, as experiências do primeiro beijo?
  • Qual é o tipo de texto em questão? Qual a finalidade do autor ao escrevê-lo? Onde você acha que ele foi publicado?



Meu Primeiro Beijo 

 Antônio Barreto



    É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem com quem? Com o Cultura Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos exatamente o que era "o beijo". Só de filme. Estávamos virgens nesse assunto, e morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim... 
   Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta tinha me mandado um dos seus milhares de bilhetinhos:
"Você é a glicose do meu metabolismo. 
Te amo muito! 
Paracelso"
    E assinou com uma letrinha miúda: Paracelso. Paracelso era outro apelido dele. Assinou com letrinha tão minúscula que quase tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de mulher... E também não sei por que: resolvi dar uma chance pra ele, mesmo sem saber que tipo de lance ia rolar.
     No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa. No ônibus,
veio com o seguinte papo:
- Um beijo pode deixar a gente exausto, sabia? - Fiz cara de desentendida.
     Mas ele continuou:
- Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29 músculos, consome cerca de 12 calorias
e acelera o coração de 70 para 150 batidas por minuto. - Aí ele tomou coragem e pegou
na minha mão. Mas continuou salivando seus perdigotos:
- A gente também gasta, na saliva, nada menos que 9 mg de água; 0,7 mg de albumina;
0,18 g de substâncias orgânica; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo
menos 250 bactérias...
    Aí o bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os meus, e ficamos nos olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem os óculos, seus olhos eram bonitos e expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele beijou a pontinha do meu nariz, fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro de leve, depois com mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns segundos.
    E de repente o ônibus já havia chegado no ponto final e já tínhamos transposto , juntos, o abismo do primeiro beijo.Desci, cheguei em casa, nos beijamos de novo no portão do prédio, e aí ficamos apaixonados por várias semanas. Até que o mundo rolou, as luas vieram e voltaram, o tempo se esqueceu do tempo, as contas de telefone aumentaram, depois diminuíram...e foi ficando nisso. Normal. Que nem meu primeiro beijo. Mas foi inesquecível!


BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São Paulo: FTD, 1977. p. 134-6. Extraído de http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=22430

sábado, 8 de junho de 2013

Depoimento : As primeiras experiências com leitura...

É muito emocionante recordar das primeiras experiências com leitura e escrita.Lembro-me como se fosse hoje do  primeiro livro que ganhei ,quando a professora ao final do ano constatou que já estávamos alfabetizados  chamava-se : " O esqueleto" . E isso já faz 32 anos! 
Eu acredito que a grande responsável por eu ter essa paixão pela leitura tenha sido uma professora de leitura que eu tive no primário; lembro-me até de seu nome Rosana (E.M. Amadeu Amaral). E nesses encontros ela lia para nós ou cada um pegava um livro que quisesse ler naquele dia. Após a leitura ela conduzia uma conversava sobre o livro lido e sempre levantava questões para refletirmos e analisarmos. Parece algo tão simples , porém ela fazia essa atividade com uma sabedoria tão fascinante que consigo lembrar de algumas dessas conversas; porque ela aproveitava para ensinarmos sobre: moral, religiosidade e outros assuntos, além de nos apresentar ao maravilhoso mundo da leitura.
A escola promovia uma vez por ano a festa do livro. Esse dia era lindo porque a escola ficava toda enfeitada ;e colocavam uma cortina vinho de veludo no palco que dava um toque especial . Em uma ocasião tivemos a visita da escritora que havíamos lido o livro"Voar" - Mirna Pinsky . Eu achei isso incrível ! Imaginem  a honra que sentimos ao  dialogar com a escritora sobre o livro que lemos ? 
Outra experiência que adoro lembrar foi na 7ª série ,quando lemos um livro chamado" Vínculos " - autora : Lúcia Pimentel Góes e nossa professora fez uma atividade muito interessante : dividiu a classe entre júri, advogados de defesa , acusação e ré. A professora era a juíza e eu era a ré e o restante da sala era o júri e os advogados. Ao final da atividade fomos avaliados pela nossa performance e recebi muitos elogios.
Enfim, são muitas histórias para recordar e só hoje percebemos que esses fatos influenciaram até mesmo na nossa escolha de sermos professores de Língua Portuguesa. E nesse momento começam a brotar em meus pensamentos mais acontecimentos que marcaram minha iniciação nesse hábito encantador que é a leitura e a escrita .Quem sabe eu não escreva um livro  sobre essas memórias tão marcantes em minha vida ?

quarta-feira, 5 de junho de 2013

A Felicidade Clandestina de Uma Pequena Princesa...


Bem, me lembro que  estava na 4ª série, e que a minha mestra, Da.Yett, começou a falar sobre o livro "O Pequeno Príncipe". Fiquei encantada!!!
Parecia que a cada fala dela, eu estava dentro da história, me imaginava correndo atrás da raposinha, falando com a flor..., enfim fiquei curiosíssima em ler o livro, mas meus pais não tinham dinheiro para comprar, era o tempo das vacas magras... fiquei até doente..,
Minha irmã, que era mais velha que eu, era quem lia para mim, até porque era com ela que eu ficava, pois meus pais trabalhavam. Mas eu não queria outros livros, queria "aquele", e como tê-lo?
Eis, que um dia, a professora presenteou-me com o livro “O Pequeno Príncipe”, me senti como a garota do conto “Felicidade Clandestina” de Clarice Lispector, não abria o livro, ficava abraçada com ele por horas. Quando resolvi abri-lo, vislumbrei as imagens, como se estivesse lá dentro de cada página... Viajei junto com O Pequeno Príncipe e tinha medo de que chegasse ao final do livro, pois aí, não teria mais o que ler...
Por um bom tempo meu livro de cabeceira foi “O Pequeno Príncipe”!!!
Vieram outros mais, ao longo de minha caminhada escolar, Pollyanna, Polllyanna Moça,  Sozinha no Mundo, A marca de uma lágrima, Bem vindos ao Rio, mas nunca me esqueço do livro que fez parte e contribuiu para a minha iniciação à leitura.
E hoje, quando descobri que existe o desenho do “Pequeno Príncipe”, não perdi a oportunidade de apresentá-lo ao meu filho, e toda semana assistimos juntos, o que me faz voltar no tempo...
E nunca vou esquecer-me da professora que foi de suma importância nesse processo de amor ao livro e à leitura.
E é dessa forma que tento, sempre, passar essse mesmo carinho e entusiasmo pela leitura para meu filho e meus alunos, que no fundo não deixam de ser um pouco meus filhos...

Relembrando caminhos já percorridos


Descobri a escrita aos sete anos, quando recebi a famosa cartilha :Caminho Suave.Isso aconteceu no sertão nordestino, em uma sala da aula multi-seriada. Antes disso, não havia tido nenhum contato com a língua escrita.Lembro-me que no início, o que mais chamou-me a atenção foram os desenhos coloridos.Letras e palavras eram desenhos para mim.Frequentar aquela escola ,conhecer as cores,as letras, era algo mágico. Não aprendi a ler e nem a escrever nesta escola,mas havia me apaixonado pelos livros.
Quando fiz oito anos, meus pais perderam tudo numa grande seca e viemos para São Paulo tentar uma vida melhor. Aqui,fui de fato alfabetizada. Comecei com as estórias dos livros didáticos.Descobri,na biblioteca de uma vizinha professora, os gibis, as fotonovelas, Narizinho, Emília,Pedrinho e a Coleção Vaga-Lume toda. Só parava quando era interrompida pela minha mãe que dizia que eu vivia no “mundo da lua.
Na adolescência, lia de tudo que caía em minhas mãos: Sidney Sheldon ( o Nicolas Sparks da época), Agatha Christie, Simenon, Patrícia Highsmith. Eram livros emprestados por uma senhora que lia romances policiais.Eu não tinha como comprar livros, todos os livros lidos não eram meus, por isso meu maior sonho era trabalhar em uma livraria.
 Só fui descobrir os clássicos da literatura brasileira no “colegial”. Fiquei perdidamente apaixonada pelo Álvares de Azevedo.Lia, relia, reescrevia suas poesias. Li “O Quinze” de Raquel de Queiroz e esse livro me fez chorar.Entendi que aquela leitura era diferente de tudo que já havia lido.Aquilo tocou-me de uma tal forma, que pedi sugestões a minha professora de Português e ela indicou-me: “Vidas Secas”.Aí não parei mais.Fiquei deslumbrada com a forma de narrar de Graciliano. Seus personagens tinham uma história da vida muito parecida com a história de minha família.Pensava:”como alguém é capaz de expressar tão bem os sentimentos e os pensamentos destes personagens?
Fui livreira até começar a lecionar. Quando me formei,fiquei em dúvida entre continuar na profissão e tornar-me professora,mas assim que comecei, tive a absoluta certeza de que havia tomado a decisão acertada. Penso que minha paixão pelos livros desperta nos alunos o desejo pela leitura.

LEITURA DE ESTRELAS

Tive muitas experiências que contribuíram para minha formação pessoal e profissional. No baú de minhas lembranças cá uma que acho interessante. Quando criança, sempre via minha irmã estudando, no final de suas leituras ela fazia uma cara que denotava algo de curioso, fazia longas pausas como um detetive, investigando alguns indícios e pistas até chegar à solução de um crime ou mistério, (mistério esse que rodeava minha mente), ela estava numa fase de descobrir o universo com seus iniciais estudos sobre a vida em outras esferas senão a nossa, sobre a ufologia, mal sabia que minha mente navegava em tal dimensão, que quando vi estas palavras escritas pela primeira vez (sorrateira peguei um livro que deixara sobre a cabeceira pra dar uma olhada no que tanto roubava sua atenção): “ufologia” e vida “intergaláctica”. - Mas que diabos eram aquelas palavras aos olhos de uma menina de 10 anos? Decidi ir ao dicionário, uma coleção enorme que ficava situada na parte superior da estante, mas não entendi todo o conceito daquelas palavras. Então, me ofereci para acompanhar minha irmã num passeio que geralmente realizava em alguns aos sábados pela manhã. E, lá fomos nós a biblioteca Municipal da Lapa: “Francisco Patti” (que agora fiquei sabendo que alterou o seu nome para Mario Schenberg, alguma formalidade da prefeitura que não entraremos no mérito). Foi a primeira vez que vi uma biblioteca, com tanto corredores todos cheios de livros e um fichários que minha irmã inspecionava (certa do que procurava). Eu, um tanto iniciante, ficava andando em todos os corredores buscando nos títulos algo que me remetesse a “tais palavras”, procurei, procurei e nada de achar aquelas palavras “como numa biblioteca daquelas não teria nada intergaláctico?” Parei numa estante, olhava para alguns livros, sem nem saber do que se tratava, só folheava com cara de interessadíssima, quando uma moça veio em minha direção e com a voz baixíssima e perguntou-me se procurava algo, se encontrará que vim buscar... Respirei fundo (para disfarçar a timidez que me subia à face) e com a voz igualmente perguntei: “ufologia”... “intergaláctico”... Extraterrestre... A senhora sabe onde fica esse corredor?
A moça me olhou com ar sereno e plenamente inteirado ao “nosso” assunto, levou-me até um corredor e percorreu sutilmente com a ponta dos dedos os livros da estante e deu-me um: “Xisto e o Pássaro Cósmico”, lançou outra pergunta:
- Tem carteirinha?
- Minha irmã vem sempre aqui, ela tem. Respondi de prontidão. Agradeci e sai em busca da minha irmã que estava meio impaciente (diga-se de passagem). Pedi que levasse esse livro pra mim, fiz uma cara de “dó”, que ela não resistiu. Saímos cada qual com o seu tesouro nas mãos. Eu devorei o livro e algumas palavras que não entendia recorria a minha irmã (que traduzia o dicionário) que ia além, explicando-me sobre a vida em outras dimensões, que havia histórias de pessoas que até já se comunicaram ou que viram mesmo essas criaturas que habitavam as estrelas. Isso aumentava meu entusiasmo pelas próximas leituras. Não me tornei, vamos dizer propriamente uma fã de ets, mas essas historias permeavam minha mente e minha imaginação ia longe nas brincadeiras expedicionárias pelo quintal, nas noites de verão em São José do Rio Preto, onde o céu é mais estrelado, redações escolares de temas livres: lá vinha...Mais tarde,  quando a veia poética saltava: "Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!..." – de Bilac ou na voz de Belchior “ na  canção: divina comédia humana” ...que nos remete a Dante...E se permite, por assim dizer, por adiante a  outros tantos....
Esse foi um dos meus primeiros contatos com o mundo fantástico da leitura e escrita. Deixo aqui um trechinho da Via Láctea de Olavo Bilac:
“...E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e entender estrelas."
E o Link da música Divina Comédia Humana – Bechior de fundo:
Abraços a todos!         
Márcia Andréia